terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Uma perda sentida

O universo conspira novamente. Pequenas, minúsculas decisões me causam uma perda que será sentida para sempre. Nos últimos meses, pela primeira vez na vida tive uma experiência que me fez repensar uma série de teorias à respeito de relacionamento humano. Pela primeira vez, alguém sabia o que era um debugger, piadinhas sobre stored procedures, linux, etc.

Comecei devagar, visando as experiências anteriores e anticorpos adquiridos. Pela primeira vez na vida fui capaz de compartilhar meu cotidiano, minha intiidade, minhas sopas, rituais matinais, levantadas à noite para verificar a compilação do sistema, geladeira vazia e tardes com documentários e hagen-daz.

Toda minha intimdade e problemas foram respeitados. Sair somente quando estiver afim e não por obrigação, papos sem pensar em esconder algo ou detalhes, risadas e tudo mais.

Tudo isso veio de repente, como uma avalanche e de maneira tão abrupta se foi. À partir de hoje, compartilhar isso comigo não poderá ser feito como desculpa para ser mais perto do trabalho, para se isolar dos problemas e esquecer da vida, ser bem tratada e bem cuidada. Fui demitido. De maneira súbita sem poder conversar frente à frente, sem poder participar, sem poder fazer mais nada.

Por um conjunto de fatores não contráveis não pude blindá-la. Me descuidei, a segurança, leveza e bem estar fez com que eu não tomasse cuidado com péssimas decisões. Não pude conversar com ela e creio que isso jamais acontecerá.

Ela resolveu jogar tudo para o alto chutar a razão e agir por impulso. Não sei se sou capaz de conciliar e creio que nessa nova situação, toda a naturalidade, leveza se perderá. Mas gostaria de conversar, mais uma vez, mas estou preso aqui, há milhares quilômetros de distância. Triste, pensando. Como uma mudança tão abrupta de repente ? Algo arrancado da minha vida assim ? Algo que aos poucos estava fazendo com que eu me sentisse melhor, que estava me tornando uma pessoa melhor ?

Caralho, 1 erro e tudo se foi.

Sentirei falta desses momentos. Mais uma vez fui peça fundamental na mudança da vida de alguém e mais uma vez, sou extirpado de suas vidas.

Se encontrar o buda no caminho, mate-o.

Mas eu sou o buda. Eu me sinto triste a cada discípulo que perco, pois jamais posso participar de suas vidas trnasformadas.

Não quero mais ser o buda. Quero ser o discípulo. Machuca demais, pesa demais. Cada um que se vai é um pedaço de mim que é arrancado sem que eu possa escolher.

Dessa vez não foi diferente.

Ela se foi, e a menos que eu esteja muito errado, jamais voltará.

Jamais terei minhas tardes leves, felizes compartilhando partes de mim que jamis foram compartilhadas com mais ninguém.

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